quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Eles pedem socorro

         Em todo o Brasil há milhares de cães abandonados. Dados da OMS - Organização Mundial da Saúde, mostram que em grandes centros urbanos, há um cão para cada cinco habitantes - cerca de 10% deles em estado de abandono. Em Votuporanga, por exemplo, mesmo não sendo uma cidade populosa, com pouco mais de 80 mil habitantes, é possível calcular que existam 1.600 animais sem lar. Diante deste contexto, na maioria das vezes, encaminhá-los para um abrigo pode não ser a melhor solução.
         Segundo o visitador sanitário, Airton Luis Souza, pessoas ligam para o Centro de Zoonose de Votuporanga, querendo se desfazer dos seus animais. Desta forma, os animais abandonados acabam sendo as vítimas de uma sociedade que não se prepara antes de trazer um mascote pra casa, que não previne as crias ou, simplesmente, enjoa e descarta o pobre bicho sem nenhuma razão. Mas esse é apenas um dos problemas que eles enfrentam. O funcionário ainda diz que eles não podem pegar qualquer cão nas ruas, só os muito debilitados ou com doenças graves, a leishmaniose, por exemplo. Quando um animal tem essa doença eles o sacrificam.
            O porquê do não recolhimento de todos os animais é devido à falta de estrutura adequada no Centro. O que necessita é um ampliamento das divisões de cada tipo de animal. Segundo o veterinário, Élcio Sanchez Estevez Júnior, que é o responsável técnico, um projeto para essa construção já está no papel, mas mesmo assim não resolveria o problema do abandono. Ele diz que hoje a capacidade do canil é de 80 animais e com o projeto irá dobrar. Acontece que na cidade existem 1.600. Recolher e proporcionar abrigo a vários animais, pode parecer a melhor solução. No entanto, infelizmente, a experiência tem mostrado que com o tempo, esses locais tornam-se verdadeiros depósitos, e não um abrigo descente. O excesso de animais não permite que todos recebam os cuidados necessários.
            Em Votuporanga existe apenas um grupo de 5 pessoas que ajudam nessa luta contra o abandono. Elas fazem feiras doações há 15 anos, uma das organizadoras dessa feira, Joana Rios Soler, diz que vão com 30 animais, e dependendo do dia, conseguem doar todos, ou nenhum. Quando a doação acontece, ela recolhe todas as informações necessárias do novo dono, para assim acompanhar o cuidado do animal. O problema das doações é que, segundo a ARCA BRASIL - Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal, existe uma parcela de animais que padece ainda mais quando vai parar nas ruas. São os que tiveram a “infelicidade” de nascer Pit Bull, os que sofrem de algum problema de saúde, aqueles que entraram na terceira idade, ou, simplesmente, os vira-latas comuns, pretinhos. Pois existe um preconceito até mesmo com animais. Essas ONG’s são feitas por conta própria, por pessoas que se preocupam realmente.
            Diante dessa situação cruel, a única solução eficaz para mudar o final dessa história, é a castração. Segundo a OMS, reunida em 1992, a captura e o sacrifício de animais não representa medida de controle, pois não atua nas principais causas dos problemas: a procriação descontrolada de cães e gatos e a irresponsabilidade ou ignorância dos seus proprietários. Aqui em Votuporanga já foi pensado em fazer um “mutirão” para a castração em massa, seria um pacote de 1.000 castrações por ano. O que resta agora é esperar acontecer e torcer pela melhoria. Enquanto isso não acontece, a conscientização da população é a única solução.  Não podemos esquecer que os animais, têm um coração pulsando dentro do peito, têm sentimentos, sentem fome, frio, dor. Mais amor, por favor, eles agradecem.

Aline Ruiz 

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